Timaliídeos

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTimaliídeos
Tagarela-de-garganta-estriada, (Mixornis gularis)
Tagarela-de-garganta-estriada, (Mixornis gularis)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Subordem: Passeri
Superfamília: Sylvioidea
Família: Timaliidae
Vigors & Horsfield, 1827
Gêneros
10, ver texto

Os timaliídeos (Timaliidae) são uma família de aves passeriformes nativa do Velho Mundo, que compreende cerca de 56 espécies de tagarelas. São bastante diversos em tamanho e coloração, mas são caracterizados por uma plumagem macia. São aves de áreas tropicais, com maior variedade no Sudeste Asiático e no subcontinente indiano. O termo tagarela anteriormente também referia-se aos bombicilídeos e pnoepigídeos.

A diversidade morfológica é bastante alta; a maioria das espécies assemelha-se a toutinegras, gaios ou tordos. Este grupo está entre as famílias de aves do Velho Mundo com o maior número de espécies ainda sendo descobertas.

Características

Os tagarelas são aves de pequeno a médio porte. Possuem pernas fortes, e muitos são bastante terrestres. Normalmente têm bicos generalizados, semelhantes aos de um tordo ou toutinegra, exceto os membros dos gêneros Pomatorhinus e Erythrogenys, que portam de bicos grossos e curvados. A maioria tem plumagem predominantemente marrom com tons de cinza, e pouco dimorfismo sexual, mas também existem muitas espécies de cores mais vivas.[1]

Este grupo não é migratório, e a maioria das espécies possuem asas curtas e arredondadas e um voo fraco. Vivem em ambientes levemente arborizados ou em cerrados, variando desde pântanos a quase desertos. São principalmente insetívoros, embora muitos também alimentam-se de bagas, e espécies maiores até comem pequenos lagartos e outros vertebrados.[1]

Os tagarelas vivem em comunidades e são altamente sociáveis, defendendo territórios conjuntamente. Muitos até se reproduzem em comunidade, com um par dominante construindo um ninho e o restante ajudando a defender e criar seus filhotes. Os machos jovens permanecem com o grupo, enquanto as fêmeas se afastam para encontrar um novo grupo e, assim, evitar a endogamia. Fazem ninhos de galhos e os escondem na vegetação densa.[1]

Sistemática

Taxonomia

A sistemática dos timaliídeos tem sido contestada há muito tempo. Durante grande parte do século XX, a família foi usada como um "táxon de descarte" para inúmeras aves canoras do Velho Mundo difíceis de serem categorizadas (como Picathartidae). O ornitólogo alemão Ernst Hartert fez uma piada quando, em 1910, resumiu essa atitude com a afirmação de que, nos passeriformes: "Was man nicht unterbringen kann, sieht man als Timalien an." (O que não se pode categorizar sistematicamente é considerado um tagarela).[2]

Os taxóns mais obviamente deslocados foram removidos aos poucos no final do século passado. Desde então, com o auxílio de dados de sequência de DNA, foi confirmado que mesmo o grupo restante não é monofilético. A análise dos dados do mtDNA citocromo b 12S/16S rRNA (Cibois 2003a) alegou que os timaliídeos foram estudados através do que essencialmente era uma politomia mal resolvida com os silviídeos e zosteropídeos.[3]

Classificação

A família atualmente inclui 56 espécies divididas nos seguintes 10 gêneros:[4]

Imagem Gênero  Espécies
Erythrogenys Baker, 1930
  • Tagarela-grande, Erythrogenys hypoleucos
  • Tagarela-de-estrias-pretas, Erythrogenys erythrocnemis
  • Tagarela-de-listras-pretas, Erythrogenys gravivox
  • Tagarela-de-peito-pintado, Erythrogenys mcclellandi
  • Tagarela-de-flancos-cinzas, Erythrogenys swinhoei
  • Tagarela-ferrugíneo, Erythrogenys erythrogenys
Pomatorhinus Horsfield, 1821
  • Tagarela-indiano, Pomatorhinus horsfieldii
  • Tagarela-cingalês Pomatorhinus melanurus
  • Tagarela-de-coroa-cinzenta, Pomatorhinus schisticeps
  • Tagarela-de-java, Pomatorhinus montanus
  • Tagarela-da-sunda, Pomatorhinus bornensis
  • Tagarela-de-peito-riscado, Pomatorhinus ruficollis
  • Tagarela-da-formosa, Pomatorhinus musicus
  • Tagarela-de-bico-vermelho, Pomatorhinus ochraceiceps
  • Tagarela-de-bico-coral, Pomatorhinus ferruginosus
  • Tagarela-de-bico-fino, Pomatorhinus superciliaris
Spelaeornis David & Oustalet, 1877 – tagarelinhas
  • Tagarelinha-de-garganta-ruiva, Spelaeornis caudatus
  • Tagarelinha-de-mishmi, Spelaeornis badeigularis
  • Tagarelinha-de-asa-barrada, Spelaeornis troglodytoides
  • Tagarelinha-naga, Spelaeornis chocolatinus
  • Tagarelinha-dos-gaoligong, Spelaeornis reptatus
  • Tagarelinha-dos-chim, Spelaeornis oatesi
  • Tagarelinha-de-garganta-clara, Spelaeornis kinneari
  • Tagarelinha-de-megalaia, Spelaeornis longicaudatus
Stachyris Hodgson, 1844
  • Tagarela-de-peito-branco, Stachyris grammiceps
  • Tagarela-fuliginoso, Stachyris herberti
  • Tagarela-de-nonggang, Stachyris nonggangensis
  • Tagarela-de-cabeça-riscada, Stachyris nigriceps
  • Tagarela-de-cabeça-cinzenta, Stachyris poliocephala
  • Tagarela-de-pescoço-manchado, Stachyris strialata
  • Tagarela-de-garganta-branca, Stachyris oglei
  • Tagarela-maculado, Stachyris maculata
  • Tagarela-orelhudo, Stachyris leucotis
  • Tagarela-de-garganta-preta, Stachyris nigricollis
  • Tagarela-de-babete, Stachyris thoracica
  • Tagarela-de-peito-negro, Stachyris humei
  • Tagarela-de-peito-recortado, Stachyris roberti
Cyanoderma Salvadori, 1874[5]
  • Tagarela-ruivo Cyanoderma rufifrons
  • Tagarela-de-barrete-ruivo Cyanoderma ruficeps
  • Tagarela-barbanegra Cyanoderma pyrrhops
  • Tagarela-dourado Cyanoderma chrysaeum
  • Tagarela-de-asas-ruivas Cyanoderma erythropterum
  • Tagarela-de-colar Cyanoderma melanothorax
  • Tagarela-de-peito-moreno Cyanoderma ambiguum
Dumetia Blyth, 1852
  • Tagarela-de-barriga-ruiva, Dumetia hyperythra
  • Tagarela-de-cabeça-preta, Dumetia atriceps
Mixornis Blyth, 1842
  • Tagarela-de-garganta-estriada, Mixornis gularis
  • Tagarela-de-garganta-listrada, Mixornis bornensis
  • Tagarela-de-orelhas-cinzentas, Mixornis flavicollis
  • Tagarela-de-faces-cinzentas, Mixornis kelleyi
Macronus Jardine & Selby, 1835
Timalia  Horsfield, 1821
  • Tagarela-de-barrete-castanho, Timalia pileata
Melanocichla Sharpe, 1883
  • Tagarela-preto, Melanocichla lugubris
  • Tagarela-calvo, Melanocichla calva

Referências

  1. a b c Perrins, C. (1991). Forshaw, Joseph, ed. Encyclopaedia of Animals: Birds. London: Merehurst Press. pp. 188–190. ISBN 1-85391-186-0 
  2. Hartert, Ernst (1910). Die Vögel der paläarktischen Fauna systematische Übersicht der in Europa, Nord-Asien und der Mittelmeerregion vorkommenden Vögel (em alemão). 1. Berlin: R. Friedländer & Sohn. p. 469 
  3. Cai, T.; Cibois, A.; Alström, P.; Moyle, R.G.; Kennedy, J.D.; Shao, S.; Zhang, R.; Irestedt, M.; Ericson, P.G.P.; Gelang, M.; Qu, Y.; Lei, F.; Fjeldså, J. (2019). «Near-complete phylogeny and taxonomic revision of the world's babblers (Aves: Passeriformes)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 130: 346–356. PMID 30321696. doi:10.1016/j.ympev.2018.10.010Acessível livremente 
  4. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (Janeiro de 2021). «Babblers & fulvettas». IOC World Bird List Version 11.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 17 de junho de 2021 
  5. Collar, N. J.; Robson, C. (2016). «Scimitar-babblers and allies». In: del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D. A.; de Juana, E. Handbook of the Birds of the World. 2: Passerines. Barcelona: Lynx Edicions 

Leitura adicional

  • Alström, P; Ericson, P. G.; Olsson, U; Sundberg, P (2006). «Phylogeny and classification of the avian superfamily Sylvioidea». Molecular Phylogenetics & Evolution. 38 (2): 381–97. PMID 16054402. doi:10.1016/j.ympev.2005.05.015 
  • Barker, F. K.; Barrowclough, G. F.; Groth, J. G. (2002). «A phylogenetic hypothesis for passerine birds: Taxonomic and biogeographic implications of an analysis of nuclear DNA sequence data». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 269 (1488): 295–308. PMC 1690884Acessível livremente. PMID 11839199. doi:10.1098/rspb.2001.1883 
  • Barker, F. K.; Cibois, A; Schikler, P; Feinstein, J; Cracraft, J (2004). «Phylogeny and diversification of the largest avian radiation». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 101 (30): 11040–5. Bibcode:2004PNAS..10111040B. PMC 503738Acessível livremente. PMID 15263073. doi:10.1073/pnas.0401892101Acessível livremente 
  • Beresford, P; Barker, F.K; Ryan, P.G; Crowe, T.M (2005). «African endemics span the tree of songbirds (Passeri): molecular systematics of several evolutionary 'enigmas'». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 272 (1565): 849–858. PMC 1599865Acessível livremente. PMID 15888418. doi:10.1098/rspb.2004.2997 
  • Cibois, Alice (2003). «Mitochondrial DNA phylogeny of babblers (Timaliidae)». The Auk. 120. 35 páginas. doi:10.1642/0004-8038(2003)120[0035:MDPOBT]2.0.CO;2 
  • Cibois, Alice (2003b). «Sylvia is a babbler: taxonomic implications for the families Sylviidae and Timaliidae». Bull. B. O. C. 123: 257–261 
  • Cibois, Alice; Slikas, Beth; Schulenberg, Thomas S.; Pasquet, Eric (2001). «An endemic radiation of Malagasy songbirds is revealed by mitochondrial DNA sequence data». Evolution. 55 (6): 1198–1306. PMID 11475055. doi:10.1554/0014-3820(2001)055[1198:AEROMS]2.0.CO;2 
  • Cibois, Alice; Kalyakin, Mikhail V.; Lian-Xian, Han; Pasquet, Eric (2002). «Molecular phylogenetics of babblers (Timaliidae): Revaluation of the genera Yuhina and Stachyris». Journal of Avian Biology. 33 (4). 380 páginas. doi:10.1034/j.1600-048X.2002.02882.x 
  • Collar, N. J. & Robson, C. 2007. Family Timaliidae (Babblers)  pp. 70–291 in; del Hoyo, J., Elliott, A. & Christie, D.A. eds. Handbook of the Birds of the World, Vol. 12. Picathartes to Tits and Chickadees. Lynx Edicions, Barcelona.
  • Ericson, Per G.P.; Johansson, Ulf S. (2003). «Phylogeny of Passerida (Aves: Passeriformes) based on nuclear and mitochondrial sequence data». Molecular Phylogenetics and Evolution. 29 (1): 126–38. PMID 12967614. doi:10.1016/S1055-7903(03)00067-8 
  • Jonsson, Knud A.; Fjeldsa, Jon (2006). «A phylogenetic supertree of oscine passerine birds (Aves: Passeri)». Zoologica Scripta. 35 (2). 149 páginas. doi:10.1111/j.1463-6409.2006.00221.x 
  • Nguembock, Billy; Fjeldså, Jon; Tillier, Annie; Pasquet, Eric (2007). «A phylogeny for the Cisticolidae (Aves: Passeriformes) based on nuclear and mitochondrial DNA sequence data, and a re-interpretation of an [sic] unique nest-building specialization». Molecular Phylogenetics and Evolution. 42 (1): 272–86. PMID 16949311. doi:10.1016/j.ympev.2006.07.008 
  • Pasquet, Eric; Bourdon, Estelle; Kalyakin, Mikhail V.; Cibois, Alice (2006). «The fulvettas (Alcippe, Timaliidae, Aves): a polyphyletic group». Zoologica Scripta. 35 (6). 559 páginas. doi:10.1111/j.1463-6409.2006.00253.x 
  • Reddy, Sushma; Cracraft, Joel (2007). «Old World Shrike-babblers (Pteruthius) belong with New World Vireos (Vireonidae)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 44 (3): 1352–1357. PMID 17412613. doi:10.1016/j.ympev.2007.02.023 
  • Schulenberg, T.S. (2003): The Radiations of Passerine Birds on Madagascar. In: Goodman, Steven M. & Benstead, Jonathan P. (eds.): The Natural History of Madagascar: 1130–1134. University of Chicago Press. ISBN 0-226-30306-3
  • Sibley, Charles Gald & Ahlquist, Jon Edward (1990): Phylogeny and classification of birds. Yale University Press, New Haven, Conn.

Ligações externas

  • Vídeos de tagarelas no Internet Bird Collection
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons
Wikispecies Diretório no Wikispecies
  • Commons
  • Wikispecies


Identificadores taxonómicos
Controle de autoridade
Identificadores taxonómicos
  • Portal das aves