Série 9000 da CP

 Nota: Se procura a série de automotoras do Metropolitano de Madrid, veja Série 9000 (Metrô de Madrid).
Série 9000
.
Série 9000 da CP
Locomotiva n.º 9002 na Estação de Livração, em 1993.
Descrição
Propulsão Gasóleo
Fabricante Euskalduna / Alsthom
Tipo de serviço Via
Características
Bitola Bitola métrica
Operação
Ano da entrada em serviço 1959 (Espanha)
1975 (Portugal)

A Série 9000, igualmente conhecida de 9001 a 9006, refere-se a um tipo de locomotiva a tracção diesel eléctrica, que foi utilizada pela companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses nas Linhas do Vouga, Sabor, Corgo, Tâmega, Porto à Póvoa e Famalicão e Guimarães, e no Ramal de Aveiro.

Descrição

Esta série era constituída por seis locomotivas a gasóleo do tipo Bo' Bo'.[1] Correspondem ao modelo BB44t da fabricante, a empresa Alsthom.[2] Tinham um potência de 435 kW, e uma velocidade máxima de 70 km/h.[1]

Nos primeiros anos de serviços em Portugal, apresentavam um esquema em tons verde-escuros com o subleito em encarnado, tendo recebido ainda na década de 1970 o esquema de cores da operadora Caminhos de Ferro Portugueses, com fundo laranja atravessado por listras brancas nas faces de topo, e pintadas com o símbolo da empresa.[3]

Locomotiva 9001 na estação de Sernada do Vouga, em 1993.

História

Serviço em Espanha

Em 7 de Abril de 1959, o Ministerio de Obras Públicas espanhol entregou uma locomotiva à empresa Compañía del Ferrocarril de Madrid a Aragón, que explorava a linha férrea conhecida como Ferrocarril del Tajuña.[4] Esta medida inseriu-se num programa de apoio do governo espanhol para apoiar as operadoras ferroviárias de via estreita.[4] Esta locomotiva era um modelo da da companhia francesa Alsthom, e tinha sido montada no ano anterior pela firma Euskalduna, de Bilbau, com componentes da Alsthom e da General Eléctrica Española.[4] Entre 1964 e 1967, a Compañía del Ferrocarril de Madrid a Aragón decidiu adquirir, sem apoio do estado, mais cinco locomotivas semelhantes à original, de forma a substituir o seu parque a vapor, cuja capacidade de tracção já não se coadunava às necessidades.[4] De acordo com a política desta empresa, a numeração das novas locomotivas era atribuída de forma decrescente, pelo que estas novas unidades receberam os números 1026 a 1022.[4] As motoras 1026 e 1025, recebidas em 1964, eram iguais à original, com a numeração 1027, enquanto que as 1024 e 1023, adquiridas em 1966, e a 1022, admitida em 1977, possuíam uma potência ligeiramente superior.[4] No entanto, depressa se verificou que, mesmo utilizando o método de comando em unidades múltiplas, estas novas máquinas dificilmente logravam a tracção suficiente para rebocar as composições mais pesadas, o que resultava em velocidades de circulação muito reduzidas.[4][5] Desta forma, ponderou-se a venda das locomotivas, de forma a proceder à sua substituição por motoras mais potentes.[4]

Locomotiva da Série 9000 com o esquema de cores azul e branco, debaixo do telheiro, na Estação de Régua.

Serviço em Portugal

Assim, em 1974 foram vendidas à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo entrado ao serviço no ano seguinte, para substituir o material a vapor nas composições de passageiros e mercadorias.[4] Desta forma, iria ser modernizada a frota de via estreita, continuando um processo de substituição que já se tinha iniciado na rede de via larga.[3] Além disso, iriam melhorar a qualidade dos serviços, que passariam a ser feitos de forma mais rápida e regular.[3] Estas foram as primeiras locomotivas a gasóleo a circular na rede via de bitola métrica em Portugal,[4] embora já anteriormente a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro tinha feito experiências com uma locomotiva deste tipo, a Lydia, na Linha do Tua.[6]

Após a sua chegada a Portugal, estas locomotivas receberam uma numeração adaptada à sua nova operadora, tendo as 1022, 1023, 1024, 1025, 1026 e 1027 adoptado, respectivamente, os números 9001, 9002, 9003, 9004, 9005 e 9006.[4] Em 1990, as 9001, 9003 e 9004 encontravam-se adscritas ao depósito de Porto-Boavista, instalado na antiga estação com o mesmo nome, enquanto que as 9002, 9005 e 9006 estavam sujeitas, correspondentemente, aos depósitos de Livração, Sernada do Vouga e Mirandela.[4] Cinco das unidades da Série 9000 foram para as Linhas do Tua e Corgo, enquanto que a sexta ficou nas oficinas da antiga Estação Ferroviária de Porto-Boavista.[4] Serviram, posteriormente, em toda a Linha do Tâmega, no Ramal de Aveiro e na Linha do Vouga, e na década de 1990, com o encerramento ou redução da maior parte destes eixos, foram transferidas para as Linhas do Porto à Póvoa[4] e Guimarães, onde foram substituir as automotoras da Série 9300.[7] No entanto, só foram utilizadas esporadicamente, devido ao excesso de material que circulava naquela zona.[4] Apesar disto, asseguraram alguns dos comboios de passageiros mais importantes na rede de via métrica do Porto, formados por carruagens Napolitanas.[3] A locomotiva 9004 foi responsável pelo último comboio de via estreita na Linha de Guimarães.[3] Também circularam na Linha do Sabor.[4]

Foram sendo progressivamente afastadas dos serviços pela introdução de novas locomotivas e automotoras a gasóleo, embora algumas tenham permanecido em funcionamento nos depósitos de Boavista e da Linha do Vouga, para rebocar os comboios de socorro.[3] Foram definitivamente abatidas ao serviço nos finais da década de 1990, concluindo assim mais de duas décadas como parte da frota da operadora Caminhos de Ferro Portugueses, durante as quais estiveram em quase toda a rede de via métrica da empresa.[3]

Em 2013, a CP disponibilizou para venda as locomotivas 9005 e 9006,[8] que estavam parqueadas há doze anos anos em Guifões,[9] e apresentando alguma degradação.[10] Em 2017 a locomotiva 9004, pintada nas suas cores de origem, encontrava-se a tracionar o comboio histórico da Linha do Vouga, cuja composição tinha sido utilizada na Linha do Corgo até ao seu encerramento, em 2009.[carece de fontes?] Em 2019, a operadora iniciou um programa para a reabilitação do material circulante que estava imobilizado, que incluiu a recuperação da locomotiva 9005, enquanto que a 9004 foi posta ao serviço como parte do Comboio Histórico do Vouga.[3]

Locomotiva 9004 a rebocar o Comboio Histórico do Vouga, em 2019.

Ficha técnica

  • Características de exploração
    • Entrada ao serviço (em Portugal): 1975[4]
    • Número de unidades: 6[7][5]
  • Dados gerais
    • Bitola de Via: 1000 mm[1]
    • Disposição dos rodados: Bo' Bo'[1]
    • Tipo de tracção: Gasóleo (diesel) eléctrica[1]
    • Tipo de locomotiva (fabricante): BB44t[2]
    • Fabricante: Euskalduna / Alsthom[4][5]
  • Motores de tracção
    • Potência total: 435 kW[1]
    • Tipo:
      • Números 9001 - 9003: MGO V12 ASHR[4]
      • Números 9004 - 9006: MGO V12 SHR[4]
  • Características de funcionamento
    • Velocidade máxima: 70 Km/h [1]
    • Potência de utilização:
      • Números 9001 - 9003: 850 Cv (626 kW)[4][5]
      • Números 9004 - 9006: 775 Cv (570 kW)[4]

Referências

  1. a b c d e f g «CP withdrawn narrow gauge stock» (em inglês). Railfaneurope. 16 de Julho de 2010. Consultado em 28 de Outubro de 2010 
  2. a b «FEVE 1600». Carril (em espanhol) (1). Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. Setembro de 1982. p. 16 
  3. a b c d e f g h «Locomotivas diesel série 9001 a 9006 da CP». Sabia que. Comboios de Portugal. Consultado em 12 de Fevereiro de 2023 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v «El Ferrocarril del Tajuña». Maquetren (em espanhol). Ano 5 (42). 1996. p. 15-26 
  5. a b c d GONZALO, E. (Março de 1985). «Oporto, una interesante red suburbana de los ferrocarriles del Norte lusitano». Via Libre (em espanhol). Ano 22 (250). Madrid: GIRE. p. 29, 31 
  6. MARTINS et al, 1996:98
  7. a b AMARO, Jaime (2005). «Automotoras Allan de Via Estreita - Meio Século de Existência». O Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 8-10. ISSN 124550 Verifique |issn= (ajuda) 
  8. «Alienação de duas locomotivas diesel, de via estreita (bitola métrica = 1.000mm)» [ligação inativa] 
  9. «Alienação de duas locomotivas diesel, de via estreita (bitola métrica = 1.000mm): Anexo I» (PDF) [ligação inativa] [ligação inativa]
  10. «Alienação de duas locomotivas diesel, de via estreita (bitola métrica = 1.000mm): Anexo III» (PDF) [ligação inativa] [ligação inativa]

Bibliografia

  • MARTINS, João Paulo; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; LEVY, Maurício; AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado:O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre as locomotivas da Série 9000

Ligações externas

  • «Página com fotografias da Série 9000, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 9000, no sítio electrónico Trainspo» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 9000, no sítio electrónico Trainlogistic» 


  • Portal de Portugal
  • Portal ferroviário
  • v
  • d
  • e
Material motor ferroviário em Portugal
Tipologia ↓ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica:
IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v.
← Tracção
Estado → em serviço fora de serviço (ou uso ocasional) em serviço Bitola
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.)
automotoras 592 remodelados M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 1001 Z1 2000 2050 2080



ABm1-18

remodelados 2300 2400 3400 3500 4000 1668 mm
(ibérica)
VIP
0350
0450
0300
0400
 2100⎫ 
2150⎬ 
2200⎭ 
⎰*3100
⎱*3200

2240

3150*
3250*
9630 9500
 
9700─╮
9400←╯
ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 (Vale do Lima) (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) 1000 mm
(métrica)
locomotivas 9000 9020 Lydya
E1 E21 E31 E41 E51 E61 E71 E81 E91 E101 E111 E121 E131 E141 E151 E161 E181 E201 1-2
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 1300 1320 1550 1800 1960
D. Luiz S. Inauguração 001 01 1 09 011 17 021 21 031 32 41 041 41 070 71 81 91 101 103 110 141 151 175 181 0151 0181 0201 201 211 221 261 281 291 301 351 401 501 551 601 701 751 801 831 851 951 2068 01002 1008 2000 02012 02049 2133 51 (BA) 11 (CFE)
2500 2550 3300* 2600 2620 4700 5600 1668 mm
(ibérica)
locotratoras 1150 1000 1020 1050 1100 005
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos)
bondes
STCP101 STCP112 STCP115 STCP120 STCP150 STCP249 STCP250 STCP266 STCP300 STCP350 STCP404 STCP500
STCP200 STCP270 STCP280 1435 mm
(padrão)
automotoras ML7 ML79 ML90 ML95 ML97 ML99 ML200
LRVs, articulados MP000 MP100 MP200 C000
CCFL501 CCFL601 900 mm
bondes TUB1
CCFL203 CCFL283 CCFL284 CCFL323 CCFL343 CCFL363 CCFL389 CCFL400 CCFL403 CCFL475 CCFL500 CCFL508 CCFL532 CCFL552 CCFL601 CCFL613 CCFL736 CCFL761 CCFL801 CCFL806 CCFL901 TUB01
CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737
(PdV-VdC) (CCFTNA) (CFPLER) SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 (CSA) 1000 mm
(métrica)
locomotivas CSA 23074 (Pomarão)
(Transpraia) (P.d’El-Rei) (Mira) (CFPL) 600 mm
(JAPH) N0(JAPPD) 2140 mm
Estado → em serviço fora de serviço em serviço Bitola
Tipologia ↑ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica ← Tracção
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes


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